Erguer a Voz: Pensar como feminista, pensar como negra

O livro Erguer a Voz, de bell hooks, é uma excelente experiência de leitura. Demorei nesta leitura mais que o normal porque deseja compreender cada capítulo em sua profundidade. São 24 capítulos permeados pela reflexão que dá nome ao livro: “Erguer a Voz: Pensar como feminista, pensar como negra”.

Desde a introdução me senti completamente envolvida com a experiência e análise desenvolvida por bell hooks. Ela apresenta como foi seu processo de socialização no qual era ensinada a calar-se, diziam que ela como uma mulher deveria se comportar de tal forma e tantos acontecimentos que silenciam as mulheres.

No capítulo Erguer a Voz ela explora como ela se descobriu escritora e foi construindo um caminho para libertar a sua voz.

“Fazer a transição do silêncio à fala é, para o oprimido, o colonizado, o explorado, e para aqueles que se levantam e lutam lado a lado, um gesto de desafio que cura, que possibilita uma vida novo e um novo conhecimento.”

A autora também destaca ao longo do livro como mulheres negras se transformam em sujeitas ao erguerem suas vozes. É falando por nós mesmas que nos tornarmos sujeitas! Esse processo de fala é essencial para criarmos uma consciência crítica do nosso ser no mundo.

Você encontrará vários capítulos dedicados a reflexão sobre a escrita da mulher negra: o fato de editoras publicar algumas mulheres negras significa que todas as escritoras negras independentes estão tendo mais oportunidades no mercado editorial? Quais são os problemas materiais para as mulheres negras publicarem seus livros? 

Como em todos os livros, bell dedica alguns capítulos para a questão feminista, em diálogo com a teoria e a prática. Há um capítulo, estudos feministas: questões éticas,  que eu indico muito se você está fazendo alguma pesquisa porque a autora explica algumas questões com relação a pessoas brancas pesquisando em comunidades negras. bell explora qual é a responsabilidade ética de pesquisas feitas em comunidades das quais não fazemos parte.

Outros capítulos que eu destaco também se você está na academia são: negra e mulher: reflexões sobre a pós-graduação e o sobre ser negra em Yale: educação como prática da liberdade. Nestes dois capítulos bell discute a experiência dela, na vida acadêmica nos Estados Unidos e apresenta algumas reflexões sobre como é ser mulher negra neste ambiente. Se quiser saber mais sobre estes dois capítulos sugiro que veja este vídeo:

bell hooks também se preocupa com a violência nas relações afetivas discutindo sobre relacionamentos íntimos, a partir de uma experiência pessoal também. No capítulo que ela discute isto há todo um debate em volta das palavras usadas nas pesquisas com relação à violência patriarcal que acontece no ambiente doméstico.

Você também encontrará uma análise da própria autora sobre o seu primeiro livro publicado: E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismos. Nessa análise ela comenta de todo o processo para publicação desse livro, o que ela aprendeu com os muitos nãos que recebeu e como ela repensou algumas partes do texto depois das críticas. 

Como é de costume a bell hooks também discute em alguns capítulos sobre o amor como um caminho para o empoderamento de mulheres negras. O amor é uma ferramenta importante no processo de autorrecuperação quando estamos buscando encontrar a nossa voz, nos tornar sujeitas. 

Eu recomendo a leitura desse livro se você quer conhecer um pouco mais do pensamento da bell hooks, se você quer refletir sobre quem é você no mundo, também vale para escritoras e todas as mulheres negras que gostam de pensar a sua escrita. 

Você também pode ler a resenha de Ensinando a Transgredir.

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Informações do Livro:
Nome: Erguer a Voz: Pensar como feminista, pensar como negra
Autora: bell hooks
Editora: Elefante
Ano:2019
Páginas: 380

 

Negras Escrituras

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