Discurso sobre o Colonialismo é uma das obras mais famosas do escritor martinicano, Aimé Césaire, e inspirou diversos movimentos e pensadores. Um dos argumentos centrais da obra é que o fascismo é filho do colonailismo eo racismo é a ferramenta operacional do sistema capitalista.
O livro de Aimé Césaire foi revolucionário no período em que foi lançado ao denunciar o colonialismo europeu em pleno século XX. A linguagem utilizada por Césaire é muito é irônica e muito objetiva na hora de apontar as mazelas causadas pela Europa nos países colonizados.
Eu disse – e isso é muito diferente- que a colonização europeia adicionou o abuso moderno à antiga injustiça; o racismo odioso à velha desigualdade.
A obra é dividida em 6 capítulos nos quais Césaire define o que ele compreende por colonialismo e apresenta o porquê para ele não seria uma novidade o surgimento de Hitler e toda a violência causada por ele. O autor também aponta algumas das discussões que serão basilares no pensamento decolonial: sobre a colonialidade de produção do saber, como você pode ver na citação a seguir:
Que o Ocidente inventou a ciência. Somente o Ocidente sabe pensar; que nos limites do mundo ocidental começa o tenebroso reino do pensamento primitivo, que, dominado pela noção de participação, incapaz de lógica, é o próprio retrato do pensamento falso.
Césaire não poupa críticas a filosofia humanista porque, como ele próprio coloca, como pode uma civilização falar de humanismo enquanto coloniza e matas outra?
O Discurso sobre o colonialismo é um livro que nos convoca a pensar como esse colonialismo descrito por Césaire se reorganiza no mundo hoje 70 anos após a primeira publicação da obra. Não é atoa que o livro é conhecido como a “bíblia de todos os militantes anticolonialistas em luta contra a dominação europeia.”
A edição da Veneta conta com ilustrações lindíssimas do Marcelo D´Salete, como você pode ver na foto ao lado. O livro também conta com uma cronologia organizada pelo Rogério de Campos, na qual acompanhamos acontecimentos importantes da vida privada de Aimé Césaire, bem como da produção intelectual e política do autor.
Vou destacar alguns pontos dessa cronologia que são interessantes para conhecer o autor:
- Césaire nasceu em 1913 na Martinica, sendo o segundo filho de sete de uma família de classe média baixa;
- Com 11 anos recebeu uma bolsa de estudos na capital, Fort-de-France, onde migrou com a família e conheceu o jovem Léon Damas (também fundador do Movimento Negritude);
- Em 1931 migra para França também por causa de uma bolsa de estudos e lá se aproxima de Léopold Senghor, outro fundador do movimento negritude;
- Juntamente com os amigos, Léon e Léopold, participam dos saraus organizados pelas irmãs Nardal que também participaram do movimento literário da Negritude;
- Em 1935 publica um dos primeiros artigos definindo o termo negritude;
- Retorna a Martinica em 1939 onde começa a lecionar e se torna um professor admirado por jovens que mais tarde se transformaram em grandes intelectuais martinicanos como Édouard Glissant Frantz Fanon.
Para saber mais da trajetória encantadora de Aimé Césaire adquira um exemplar da obra e veja toda a cronologia organizada por Rogério de Campos que entrelaça acontecimentos que impactaram a história mundial até a análise intelectual de Aimé Césaire.
Informações do livro
Título: Discurso sobre o Colonialismo
Autor: Aimé Césaire
Editora: Veneta
Ano: 2020
Número de Páginas: 132
Adquira o livro por este link e contribua com o trabalho do Negras Escrituras.